Aprende com o Silencio -Jean-Yves Leloup

"Aprende com o silĂȘncio a ouvir os sons interiores da sua alma, a calar-se nas discussĂ”es e assim evitar tragĂ©dias e desafetos...
Aprende com o silĂȘncio a aceitar alguns fatos que vocĂȘ provocou, a ser humilde deixando o orgulho gritar lĂĄ fora, evitar reclamaçÔes vazias e sem sentido...
Aprende com o silĂȘncio a reparar nas coisas mais simples, valorizar o que Ă© belo, ouvir o que faz algum sentido...
Aprende com o silĂȘncio que a solidĂŁo nĂŁo Ă© o pior castigo, existem companhias bem piores...
Aprende com o silĂȘncio que a vida Ă© boa, que nĂłs sĂł precisamos olhar para o lado certo, ouvir a mĂșsica certa, ler o livro certo.
Aprende com o silĂȘncio que tudo tem um ciclo, como as marĂ©s que insistem em ir e voltar, os pĂĄssaros que migram e voltam ao mesmo lugar, como a Terra que faz a volta completa sobre o seu prĂłprio eixo, complete a sua tarefa.
Aprende com o silĂȘncio a respeitar a sua vida, valorizar o seu dia, enxergar em vocĂȘ as qualidades que vocĂȘ possui, equilibrar os defeitos que vocĂȘ tem e saber que precisa corrigir e enxergar aqueles que vocĂȘ ainda nĂŁo descobriu.
Aprende com o silĂȘncio a relaxar, mesmo no pior trĂąnsito, na maior das cobranças, na briga mais acalorada, na discussĂŁo entre familiares...
Aprende com o silĂȘncio a respeitar o seu "eu", a valorizar o ser humano que vocĂȘ Ă©, a respeitar o Templo que Ă© o seu corpo, e o SantuĂĄrio que Ă© a sua vida.
 Aprende hoje com o silĂȘncio, que gritar nĂŁo traz respeito, que ouvir ainda Ă© melhor que muito falar...
Na natureza tudo acontece com poder e silĂȘncio, com um silĂȘncio poderoso; por vezes, o silĂȘncio Ă© confundido com fraqueza, apatia ou indiferença.
Pensa-se que a pessoa portadora dessa virtude estĂĄ impedida de reclamar seus direitos e deve tolerar com passividade todos os abusos.
 Acredita-se que o silĂȘncio nĂŁo combina com o poder, pois este tem se confundido com prepotĂȘncia e violĂȘncia.
O Sol nasce e se pÔe em profunda quietude;move gigantescos sistemas planetårios, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela sem a quebrar.
 Acaricia as pĂ©talas de uma rosa sem a ferir, e beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar; aĂ­ uma vez vamos encontrar na natureza liçÔes preciosas a nos dizer que o verdadeiro poder anda de mĂŁos dadas com a quietude.
 As estrelas e galĂĄxias descrevem as suas Ăłrbita com estupenda velocidade pelas vias inexploradas do cosmos, mas nunca deram sinal da sua presença pelo mais leve ruĂ­do.
 O oxigĂȘnio, poderoso mantenedor da vida, penetra em nossos pulmĂ”es, circula discreto pelo nosso corpo, e nem lhe notamos a presença.
 A luz, a vida e o espĂ­rito, os maiores poderes do universo, atuam com a suavidade de uma aparente ausĂȘncia.
Como nos domĂ­nios da natureza, o verdadeiro poder do homem nĂŁo consiste em atos de violĂȘncia fĂ­sica, quando um homem conquista o verdadeiro poder, toda a antiga violĂȘncia acaba em benevolĂȘncia.
 A violĂȘncia Ă© sinal de fraqueza, a benevolĂȘncia Ă© indĂ­cio de poder.
 Os grandes mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita quietude e benevolĂȘncia.
 Deus, que Ă© o supremo poder, age com tamanha quietude que a maioria dos homens nem percebem a Sua ação.
Essa poderosa força, na qual todos estamos mergulhados, mantém o Universo em movimento, faz pulsar o coração dos påssaros, dos bandidos e dos homens de bem, na mais perfeita leveza.
Até mesmo a morte, chega de mansinho e, como håbil cirurgiã, rompe os laços que prendem a alma ao corpo, libertando-a do cativeiro físico.
O verdadeiro poder chega: sem ruĂ­do, sem alarde e sem violĂȘncia.
Sempre que a palavra poder lhe vier Ă  mente, lembre-se do Sol: nasce e se pĂ”e em profunda quietude; move gigantescos sistemas planetĂĄrios, mas penetra suavemente pela vidraça de uma janela e vocĂȘ sĂł sabe pelo calorzinho que ele proporciona.
Acarinha as pétalas de uma flor sem a ferir, beija as faces de uma criança adormecida sem a acordar. "Bem aventurados os mansos, porque eles possuirão a Terra".
*Jean-Yves Leloup*

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