Jardins suspensos

Jardins suspensos


Jardins suspensos na noite calada que a lua teima a queimar
Uma flor ferida e sangrando está no meu peito
Quase não consigo respirar nesse ar seco
As costelas andam batendo uma na outra
E uma pequena taquicardia arrepia meu corpo

E essa lua cheia dela mesma
E ela cheia se si mesma
E eu cansado de mim mesmo

Minha saudade é uma lágrima que cai em fogo
Olhos de limão verde a arder na inquietude
Corpo cansado e amassado
Ferido e quebrantado no fim do dia que não desejo ver

E ela neste sorriso que rasga minha alma
Iluminando a rua, o corredor, a sala
Cheia dela e vazia de mim

(Lúcio Alves de Barros

Inteira me deixo aqui

Inteira me deixo aqui,
inteira, posto que ausente,
- neste corpo que nasci
fez-me a vida ou minha mente?

De ninguém sobrevivi.
Ah! vida, me fiz consciente,
mestiça de mim, de ti ,
em morte - quase semente.

E em terra desejo estar
e sempre, enquanto me alerto
nas vozes de vento e mar.

Sem jamais me resolver
a conter-me num deserto
ou saciar-me de morrer.

(Maria Ângela Alvim)


Quero seu abraço

Quero seu abraço

Queria um abraço seu hoje.
Bem apertado e demorado,
Longo o suficiente para mandar embora
Toda solidão que há em mim.
E quando seu abraço me preencher
E todo o vazio for embora,
Você deverá me soltar de seus braços.
E como se eu tivesse asas
Sairei voando pelo ar,
Fazendo zig-zag
Feito uma fada ou uma borboleta
Que encontrou no mundo
O motivo de sua felicidade.

(a.d)