Livre...

Meu coração, hoje, ilha infecunda
Onde já não brota nenhum sentimento
Vaga, sozinho, nas noites moribundas
Isento de lástimas, desgostos e tormentos

Deleita-se em passar mudo pela vida
Com os ouvidos surdos para o seu grito
Ignorando desamor ou gestos de acolhida
Ou maus da noite e seus caminhos esquisitos.

Na sua ilha infértil morreu qualquer anseio
E ao seu redor só águas frias e baças de solidão
Nós que o seguram sobre cordas bambas de oscilação

Já não o imantam as cantorias e os enleios
Nem aqueles males que te propões dispersar
Soltou-se da rede, nas águas rasas, deste teu mar.

SONETO PARA UM AMOR QUE ACABOU


Recordo ainda dos dias bonitos
Acesa a vida em ardente chama
O nosso amor indo ao infinito
Trazendo estrelas para nossa cama

Aqueles dias de luz tão intensa
Gravados em ouro na minha lembrança
Um arco íris pincelado em querenças
Ávido sol... depois a noite mansa!

Mas tudo tem seu ponto final
E o amor murchou qual pálida e doente flor
Num jardim esquecido, sem viço e banal.

Brindo ao que foi bom com vinho tinto
Recordo os momentos felizes deste amor
E assim dou vida ao sentimento extinto.

*a.d*