Nunca esqueci a experiência de quando
alguém me pôs a mão no meu ombro de
criança e disse: — Fica quietinha um momento só,
escuta a chuva a chegar.
E ela chegou: intensa e lenta,
tornando tudo singularmente novo.
A quietude pode ser como essa chuva:
nela nos refazemos para voltarmos
mais inteiros ao convívio,
às tantas frases, às tarefas, aos amores.
Então, por favor, deem-me isso:
um pouco de silêncio bom,
para que eu escute o vento nas folhas,
a chuva nas lajes,
e tudo o que fala muito para
além das palavras de todos os
textos e da música de todos os sentimentos."
*Lya Luft*