Nesse caminho tão meu e tão pouco exclusivo, 

sigo na construção de uma história que seja minha!

Quantos já percorreram essa mesma estrada?

Quantos já sonharam os mesmos sonhos?

Quantos já lutaram essas mesmas lutas?

Tanta coisa se repete ... a estrada pode ser a mesma, 

os sonhos e as lutas também, 

mas a experiência que cada um tem 

nessas mesmas situações é única,

 exclusiva e totalmente particular ...

E dessa forma particular e única 

a que vivenciamos cada experiência, 

é que vamos construindo o livro da nossa vida!

* Damaris Ester Dalmas*





Algumas vezes você vai sentir que pegou o trem errado. * Fabíola Simões*

 Algumas vezes você vai sentir que pegou o trem errado. 

Que está se afastando da estação, distanciando-se 

cada vez mais do destino que planejou,

 sendo conduzido dentro de um vagão que corre 

para o lado contrário ao que você pretendia.

E então, desesperado por causa do engano, 

você não enxerga que embarcou no melhor trem - 

muito superior àquele que você queria - e está sendo 

conduzido por uma paisagem centenas de vezes mais bonita.

Sua indignação por ter tomado o trem errado supera 

sua capacidade de apreciação do momento e,

 lamentando sem parar, você deixa de 

reparar em toda sorte que a vida lhe dá...

* Fabíola Simões*



Saudades do tempo que se tinha tempo. * Rachel Carvalho*

 "Saudades do tempo que se tinha tempo. 

De quando o tempo não era inimigo. 

Quando as roupas descosturadas eram reparadas à 

mão e as brancas sujas colocadas pra quarar. 

Um dia todo pra lavar roupas! 

Não tinha problema.

Saudades de quando as frutas eram tiradas dos pés, 

que precisavam ser regadas e cuidadas.

E escalar mangueiras era nosso maior desafio.

De quando os encontros e sorrisos não precisavam ser 

registrados, e sobrava mais tempo pras conversas.

De quando as coisas não tinham que ter propósito 

ou lhe preparar pra vencer na vida. 

Jogar pedras na rua ou na água pra ver quem joga mais longe, 

disputar corridas descalços na terra, descobrir formas nas nuvens...

Saudades de quando a única pressa era de comer 

logo pra voltar pra rua pra brincar. 

Do cheiro da comida no fogão à lenha, 

do almoço colocado de manhã bem cedo, pra cozinhar devagar.

De como o natal demorava a chegar. 

Saudades da criança que achava que ia ser eterna, 

porque o tempo pra ela, era amigo. 

Ele nunca iria se desfazer dela. Ele nunca iria sufocar."

* Rachel Carvalho*



Hoje a saudade me abraçou...(Andrea Domingues)

 "Hoje a saudade me abraçou...

É que eu sou de uma época

Que contava estrelas no céu

Onde o cheirinho de terra molhada

Era a alegria estampada no olhar

Que correr atrás de vagalume

Fechar o guarda chuva de propósito

Apertar às campainhas

Subir no pé de fruta

Sentar na beira do fogão a lenha

Era a maior riqueza do mundo

Que andar descalço não dava nenhum resfriado

No máximo bichinho de pé, oh coceira boa

Não tinha essa de marcar horário de ir para rua

A gente ia e todos estavam lá

Ah, se a gente soubesse que aquele 

dia seria a última brincadeira de infância

A gente teria pelo menos dado um adeus

Três beijinhos no rosto e um 

abraço de urso tipo quebra ossos

Ah, se a gente soubesse...

Bater o dedinho no móvel dói

Ralar os joelhos no chão dói

Cair da bicicleta dói

Mas, quanto dói uma saudade?"

(Andrea Domingues)



Eu já guardei tanta coisa...*Rita Maidana*

 Eu já guardei tanta coisa...

Algumas continuam lá, esperando uma utilidade, 

outras estão lá por me fazerem bem, porque merecem ficar.

Guardei sorrisos e abraços para quando

 encontrasse o dono, ainda não sei se fiz bem.

Guardei palavras que jurei dizer por pensar serem 

importantes, mas nunca disse.

Guardei segredos bobos e sérios também, 

meus e os de quem confiou em mim. 

Guardei papel de carta, de chocolate, folhas secas,

 pétalas desidratadas, mimos e futilidades adoráveis.

Guardei alguns sonhos, me arrependi, 

guardei um impulso, depois comemorei.

Guardei um vestido bonito, vontades, verdades, 

silêncios, pedidos de desculpas, errei.

Guardei a frase feita e fiz a coisa certa, 

guardei a resposta merecida e fiz a coisa errada.

Guardei uma prece feita com fé por alguém que

 nunca soube da minha torcida, silenciei. 

Guardei escritos com remetente ou não, 

protegidos pela sensatez ou minha timidez.

Guardei mágoas, algumas me desfiz, 

não valiam ocupar espaço,

 outras fiz questão de manter por me

 fazerem lembrar de como não se faz. 

Mas nada me faz mais feliz do que ter guardado a lembrança 

de demonstrações de afeto, de palavras amigas, 

de lugares e pessoas que me fizeram bem. 

Esses são guardados sagrados, 

merecem o lugar especial que tem.💗

*Rita Maidana*