Destino

Destino
Certo dia, depois das canseiras diárias,
Disse-me o Destino, com voz agonizante:
Criei-te para a dor, para o sofrimento constante.
Da juventude foste privada.
Viverás uma vida angustiante.
Resta-te o pranto, a solidão.
Teus anos serão infaustos,
teus dias constante desilusão.»
Num gesto de desespero
chorei noites a fio.
Que futuro? Que presente?
Como suportar a desgraça iminente?
Foi então que decidi.
Invocado o mau Destino,
Respirei fundo e resisti
Troando a minha decisão:
Não sucumbirei a ameaças vãs,
nem a presságios de desgraça.
As noites tornar-se-ão manhãs,
não é a noite, mas a aurora que me abraça.
À dor, reagirei com complacência;
ao sofrimento, com esperança;
à velhice, com confiança;
ao pranto, com um sorriso;
à solidão, com amor.
Agarrei o Destino com força,
nas minhas mãos em concha.
Depois, poisei-o devagar,
encolhido, resignado,
E deixei-o ali ficar
*d.a*