Nesta trajetória, *Lya Luft*

Nesta trajetória,  em parte de minhas ficções - 
já escritas ou ainda nem definidas - 
ficou-me a certeza de que o bem supremo 
não é a vida mas uma vida digna;
 o bem maior não é o amor 
mas um amor que dê alegria e paz - 
e que, mesmo se terminar, continuará
 nos aquecendo na memória.
E que há sempre, em algum 
lugar talvez inesperado, a
 possibilidade de música e vôo. 
Não há fase da vida para ser paciente 
e virtuoso; não há idade para ser belo,
 amoroso e sensual.
De todos os meus livros,
 este é especialmente uma série de reflexões, 
em prosa e em poesia, sobre os medos e alegrias, 
ganhos e perdas que nos traz o 
amor em suas várias formas. 
Ele nos faz melhores se tiver sido
 bom; nos ajuda a aceitar a transformação 
se tiver sido terno; nos ensina a respeitar 
a liberdade se tiver sido sagrado. 
E se for tudo isso, certamente 
será um amor demorado,
 um amor delicado, um digno amor:
 mesmo doente vestirá seu traje de
 baile para não perturbar a calma de 
quem é amado; mesmo solitário porá 
a máscara da festa para não inquietar quem precisa partir.
Não sei se fui capaz dele ou se o mereci, 
mas esse amor - cuja duração nem sempre importa - 
vale muitas vidas e não nos pertence.
 Foi colocado em nós como um aroma num frasco,
 guiado por outra mão que não a do mero acaso. 
Tem em si uma luz que a maturidade torna 
mais vibrante e espalhada - 
e, apesar das dores, muito mais enternecida.
*Lya Luft*