Nesta trajetória, em parte de minhas ficções -
já escritas ou ainda nem definidas -
ficou-me a certeza de que o bem supremo
não é a vida mas uma vida digna;
o bem maior não é o amor
mas um amor que dê alegria e paz -
e que, mesmo se terminar, continuará
nos aquecendo na memória.
E que há sempre, em algum
lugar talvez inesperado, a
possibilidade de música e vôo.
Não há fase da vida para ser paciente
e virtuoso; não há idade para ser belo,
amoroso e sensual.
De todos os meus livros,
este é especialmente uma série de reflexões,
em prosa e em poesia, sobre os medos e alegrias,
ganhos e perdas que nos traz o
amor em suas várias formas.
Ele nos faz melhores se tiver sido
bom; nos ajuda a aceitar a transformação
se tiver sido terno; nos ensina a respeitar
a liberdade se tiver sido sagrado.
E se for tudo isso, certamente
será um amor demorado,
um amor delicado, um digno amor:
mesmo doente vestirá seu traje de
baile para não perturbar a calma de
quem é amado; mesmo solitário porá
a máscara da festa para não inquietar quem precisa partir.
Não sei se fui capaz dele ou se o mereci,
mas esse amor - cuja duração nem sempre importa -
vale muitas vidas e não nos pertence.
Foi colocado em nós como um aroma num frasco,
guiado por outra mão que não a do mero acaso.
Tem em si uma luz que a maturidade torna
mais vibrante e espalhada -
e, apesar das dores, muito mais enternecida.