Caio F. de Abreu

De vez em quando,
eu vou ficar esperando você,
numa tarde cinzenta de inverno...
Bem no meio duma praça...
Então os meus braços
não vão ser suficientes para abraçar você...
E a minha voz,
vai querer dizer tanta, mas tanta coisa,
que eu vou ficar calada um tempo enorme...
Só olhando você... sem dizer nada...
Só olhando e pensando:
Meu Deus, mas como você me dói de vez em quando...

Caio Fernando Abreu


“E eu não tenho ninguém
para ligar na madrugada e dizer:
‘Tá doendo, vem me ver’…
Ninguém para
atravessar a cidade por mim.”

Fico triste comigo

Fico triste comigo
quando não consigo
tolerar a inveja,
quando me revolto
com atitudes incorretas.
Queria ser capaz de ignorar,
simplesmente deixar passar…
Mas não! Sou sensível!
Levo desaforos para casa,
carrego ofensas com tristeza
e fico amargurada,
magoada, angustiada.
Demoro a reagir,
a impedir-me de me sentir
desiludida com as pessoas,
magoo-me em demasia,
levo tudo muito a peito
e fico a sós com as minhas lágrimas.
Quem me dera ser
aquela força da natureza
que explode mas logo esquece,
que é capaz de ultrapassar,
esquecer sem sofrer,
ignorar ainda que sem perdoar…
*a.d*