«A cor do vento...»

Diante da sua tela,
Pega a paleta o pintor
Para pintar o vento...
Será que o vento tem cor?
Que para poder definir
Será preciso saber,
O que o vento é então?
Apenas ar em movimento,
Que resulta da diferença,
Da diferença, de pressão,
Que faz o ar deslocar
Quando muda de lugar...
Que vai da brisa ligeira
Ao violento furacão...
Mas afinal, meus senhores...
Se assim é, quais são as cores
Que o artista ali vislumbra?
Se ligeiro, na penumbra
Um leve tom de cinzento.
Suave e brando esse vento
Que nos convida a sonhar...
Mas se o dia clarear
Em manhã fresca e suave,
Essa brisa matinal
Deixa no ar afinal,
Talvez um tom de azulado,
Dum céu limpo sem ter nuvens...
Anti-ciclone dos Açores...
Não há vento, não tem cores,
Lá se perde a ilusão,
Da ligeira sensação,
Da leveza no pairar...
Mas se em vez disso a "borrasca"
Duma gélida invernia,
Virar forte tempestade...
Qual a cor que de verdade
Tem o vento aos nossos olhos?
Vento que arrasa ao passar
Tudo aquilo que encontrar
...Será negro, ou talvez não?
Depende da sensação,
Do sentir de quem tiver
No seu caminho fatal...
Desse vento que ao passar
Tudo destrói afinal...
Mas será que no deserto,
Em tempestade de areia,
Vira amarelo ou lá perto?
Numa cor dita tão quente,
Pelo calor que a gente sente,
Pelo sentido da visão?
Talvez sim... ou talvez não...
Porque afinal meus senhores
Isto do vento ter cores
Não passa de uma ilusão...
E se for na Primavera,
Quando despontam as flores?
Um ventinho de quimera,
Que poderá ter mil cores...
Cores que também eu quisera
Em um sonho vislumbrar...
Mas que afinal o pintor
Não lhe conseguiu dar cor...
Só talvez seja o poeta
Na sua imaginação,
Possa alcançar tal meta,
Com um pouco de inspiração...
(AntóniodosSantos)

Nenhum comentário:

Postar um comentário