Nuvens dos olhos meus,
de altas chuvas paradas
Nuvens dos olhos meus,
de altas chuvas paradas,
- por chãos de adeuses vão-se os dias em tumulto,
em noites êrmas e saudades longe morre.
Sem testemunha vão passando as horas belas.
Tudo que pôde ser vitória cai perdido,
Sem mãos, sem posse, pela sombra, entre os planêtas.
Tudo é no espaço - desprendido de lugares.
Tudo é no tempo - separado de ponteiros.
E a boca é apenas instrumento de segredos.
Por que esperais, olhos severos, grandes nuvens?
Tudo se vai, tudo se perde, - e vós,
detendo,num preso céu, fora da vida,
as águas densas de inalcançáveis rostos amados!
Cecilia Meireles
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