Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas.
Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o maximo de liberdade possivel .
*Manhatma Gandhi*
Floresta
Na floresta não existe nem rebanho, nem
pastor Quando o
inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primavera Os homens
nasceram escravos daquele que repudia a submissão Se ele um dia
se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharão Dá-me a flauta
e canta! O canto é o
pasto das mentes, e o lamento da
flauta perdura mais que rebanho e pastor Na floresta não
existe ignorante ou sábio Quando os ramos
se agitam, a ninguém reverenciam O saber humano
é ilusório como a cerração dos campos que se esvai
quando o sol se levanta no horizonte Dá-me a flauta
e canta! O canto é o
melhor saber, e o lamento da
flauta sobrevive ao cintilar das estrelas Na floresta só
existe lembrança dos amorosos Os que
dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram, seus nomes são
como letras dos nomes dos criminosos Conquistador
entre nós é aquele que sabe amar Dá-me a flauta
e canta! E esquece a
injustiça do opressor Pois o lírio é
uma taça para o orvalho e não para o sangue Na floresta não
há crítico nem sensor Se as gazelas
se perturbam quando avistam companheiro, a águia não diz: ‘Que
estranho’ Sábio entre nós
é aquele que julga estranho apenas o que é
estranho Ah, dá-me a
flauta e canta! O canto é a
melhor loucura e o lamento da
flauta sobrevive aos ponderados e aos racionais Na floresta não
existem homens livres ou escravos Todas as
glórias são vãs como borbulhas na água Quando a
amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro, não diz: ‘Ele é
desprezível e eu sou um grande senhor’ Dá-me a flauta
e canta! Que o canto é
glória autêntica, e o lamento da
flauta sobrevive ao nobre e ao vil Na floresta não
existe fortaleza ou fragilidade Quando o leão
ruge não dizem: ‘Ele é temível’ A vontade
humana é apenas uma sombra que vagueia no espaço do pensamento, e o direito dos
homens fenece como folhas de outono Dá-me a flauta
e canta! O canto é a
força do espírito, e o lamento da
flauta sobrevive ao apagamento dos sóis Na floresta não
há morte nem apuros A alegria não
morre quando se vai a primavera O pavor da
morte é uma quimera que se insinua no coração Pois quem vive
uma primavera é como se houvesse vivido séculos Dá-me a flauta
e canta! O canto é o
segredo da vida eterna, e o lamento da
flauta permanecerá após findar-se a existência Gibran Khalil
Gibran
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